terça-feira, 3 de abril de 2018

Encurtar distâncias para vencer dificuldades


Capitulo III 
Transformação vicentina
No quotidiano do trabalho vicentino, junto das comunidades carentes, nossos esforços se concentram não só nos benefícios materiais que disponibilizamos aos que sofrem, mas também no apoio psicológico e na promoção espiritual.

Nesta lida, os(as) vicentinos(as) precisam estar constantemente atualizados e preparados para os desafios que se apresentam e que se tornaram cada vez mais complicados na medida em que a sociedade civil tem ficado mais complexa no mundo globalizado
Diante deste cenário, é preciso que os vicentinos cumpram com o seu papel social e institucional de serem a 2ponte” entre os que sofrem e os que nos pedem ajuda, o “elo” entre afortunados e vulneráveis, o “ponto de cruzamento” entre quem pode oferecer muito e os que não têm nada. Ou seja, nós, vicentino(a)s, existimos para encurtar as distâncias e ajudar as pessoas em situação de pobreza a vencer as dificuldades da vida. Sem essa caraterística, estaremos realizando um “ativismo cosmético”, que não enfrenta as raízes da exclusão, do preconceito e da miséria.
As Conferências Vicentinas precisam atuar com eficiência para vencer as dificuldades entre as classes sociais, buscando reduzir o abismo entre ricos e pessoas em situação de pobreza (material e espiritualmente falando). Encurtar essas distâncias significa criar um mundo mais justo, mais fraterno e solidário, em que todos são iguais, com as mesmas oportunidades de trabalho, acesso à educação e à saúde. Será que temos ajudado as famílias carentes a vencerem essa distância social? Temos facilitado esse difícil esforço, aplainando os caminhos e eliminando alguns empecilhos?
Outra distância a ser vencida é a da injustiça. Ozanam, sociólogo e pensador do século XIX, cofundador da S.S.V.P., não só abordava bem esse assunto (é considerado, inclusive, por seus estudos e ideias, um dos precursores da Doutrina Social da Igreja-DSI), como também sempre refletiu sobre as causas e as consequências da pobreza. Ajudar os assistidos a obter um benefício social do governo – a que eles têm direito, mas são desinformados – é um trabalho bastante meritório a ser desempenhado pelas Conferências. Seguro, desemprego, bolsa, família, cultura, benefício de ação continuada, entre tantos programas sociais, a) poderão atingir mais famílias se os vicentinos(a)s cumprirem bem com essas tarefas de identificar os necessitados e orientá-los a obterem tais benefícios. Temos agido assim, ou nos limitamos a entregar cestos básicos?
Uma terceira e importante barreira a ser vencida é acabar com a apatia e o desânimo que, não raro, rondam os ambientes das famílias assistidas e que podem impedir que um aconselhamento ou uma palavra amiga sejam frutíferos. Levantar o moral do carente, ajudá-lo a vencer o ciclo da miséria, resgatar a força da Igreja no seio daquela família mais necessitada e inseri-la na vida profissional são alguns exemplos de medidas que as Conferências podem fazer para melhorar a situação, bastante agravada pelo desemprego e falta de perspetivas. E isso só se consegue com muita dedicação, carinho, perseverança e, acima de tudo, confiança nas pessoas.
Contudo, para mim, a maior distância a ser vencida é de apenas 70 centímetros. Vou explicar-me. É a distância entre a nossa cabeça (cérebro) e nosso coração. Se conseguirmos mobilizar as pessoas ao nosso redor, compadecendo-as e estimulando-as a prestarem serviços voluntários a quem mais sofre, aí sim estaremos transformando a Terra e servindo efetivamente as pessoas em situação de pobreza, como Jesus Cristo nos pediu, serão eles que abrirão as portas do paraíso para nós (Mt 25,46). Esses 70 centímetros são cruciais para mudar o mundo.
Temos agido como “ponte” para os assistidos chegarem ao destino final (promoção humana) ou atuamos como meros “atravessadores” de bens materiais?
a)        EAPN-Portugal   

 Crónica Vicentina IV -CGI Renato Lima
      

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