quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

II Congresso Nacional da S.S.V.P.


II CONGRESSO NACIONAL DA SOCIEDADE DE S. VICENTE DE PAULO
FÁTIMA, 27 E 28 DE OUTUBRO DE 2018

Aproveito para introduzir como decorreu o congresso para informar algumas partes descrita no Boletim Português de novembro para quem não pode estar presente em Fátima nos dias acima.
O Congresso decorreu no Consolata Hotel tendo como tema geral: “Carisma Vicentino – Que perspetivas e desafios para o futuro”, convocado pela Associação S.S.V.P – Portugal (Conselho Nacional de Portugal), no sentido de encetar novos caminhos e renovar o ânimo e o espírito das Conferências Vicentinas em Portugal. A sessão foi presidida por sua Ex. Ver., D. Augusto César Alves Ferreira da Silva, Bispo Emérito de Portalegre e Castelo Branco, ladeado pela presidente Nacional, Alda Maria Couceiro e pelo Confrade Francisco Ruiz Holegado, Presidente do Conselho de Zona de Cádiz / Espanha representante do Presidente Geral Internacional da S.S.V.P. por seu intermédio, enviou ao Congresso uma Mensagem. Para além destes acima estiveram presentes pela família Vicentina; Padres da Congregação e Filhas da Caridade entre muitos vicentinos e vicentinas, que depois da saudação e oração iniciais foi dado início o congresso.
Os temas foram divididos em quatro painéis e debates e, pela sua importância da exposição focarei neste artigo só o primeiro painel, remetendo para as leituras aos 2 até ao 4 painel em debate no B.P que é distribuído aos presidentes das conferências, esperando que sejam facultadas para consulta…
Ao primeiro painel tivemos como moderador o Dr. Paulo Rocha da Agencia Ecclesia e como orador o Prof. Dr. Juan Ambrósio agradecendo o convite informando que embora não sendo um vicentino teve a sua vantagem ao ler a Regra e os Princípios Fundamentais da SSVP, concluiu que o seu trabalho foi facilitado pelas inúmeras pistas encontradas, importando saber se os vicentinos estão no caminho certo e a fazer o que devem e como devem, à luz do espirito de serviço que os anima. O orador colocou a questão acerca da oportunidade do Carisma Vicentino no mundo atual, face às alterações socioeconómicas verificadas. Vale a pena continuar em conformidade com Carisma inicial? Ainda é válido ou precisa de ser reformulado? Questionou o orador.
A experiencia do encontro dos vicentinos, através da visita domiciliária, tem que ser com Jesus Cristo porque não há cristianismo sem encontro com Deus, Senhor e Pai, pois o encontro tem que ter as duas vertentes: Deus e o ser humano, porque servir a Deus, nos remete de imediato para o serviço ao Homem dos nossos dias, deixando de ser um cristianismo burguês, fechado em si mesmo e longe da realidade do mundo atual. O desafio que se coloca hoje à S.S.V.P. e pela razão atrás explicita, é que não repense o seu futuro a partir de si, do seu interior, mas incumbe e que a Regra Vicentina consagra como se Carisma: Sair de si e ir ao encontro dos homens. A missão que incumbe a Igreja, carateriza-se com o seguinte tripé: Anúncio da palavra, celebração da fé e vivência da caridade, funcionando as três em simultâneo, como experiência de comunhão, fundamental na Missão da igreja.
Maia adiante o convidado afirma: Sobre o que a Regra Vicentina diz do compromisso vicentino, o trabalho vicentino não é somente ajudar o pobre quando ele precisa, mas antes prevenir as situações antes delas acontecerem, questionando a Assembleia sobre esse compromisso, respondendo com um exemplo prático, disse o Prof. Juan Ambrósio: “ Os vicentinos não devem somente tirar a água do navio que se está a afundar, devem antes prevenir que o navio se afunde pelas causas que originam a entrada da água, isto é, lutando contra as causas que originam a pobreza, sendo justos e procurando a justiça”, O orador questionou se todos não andamos a servir os pobres somente para subirmos mais uns degraus na direção do céu …
Que traços especiais distinguem a S.S.V.P. de outros movimentos?
Sendo a S.S.V.P. uma associação de leigos, que brota da dinâmica batismal, não tem que obedecer a ninguém. Os vicentinos têm de ser adultos e a sua condição batismal legitima as ações e as iniciativas e traçam caminhos, pelo que a hierarquia da Igreja não tem que se lhes opor, sendo cristão no coração do mundo, em comunhão com toda a comunidade e com a Igreja. O orador prolongou-se um pouco mais sendo importante a sua apresentação do tema:
A SSVP é uma sociedade de espírito jovem, mas aos jovens falta-lhes a sabedoria e a experiência que é necessária para enfrentar os problemas no futuro, mas não pode deixar de ser ousada e criativa, que são notas caraterísticas da juventude, que perscruta a traça caminhos novos, procurando ser espaços de aprofundamento da esperança cristã e de crescimento para os jovens.   A SSVP necessita de uma estrutura de identidade, vinda de fora. Parece que a estrutura atual é pesada. Não poderá haver uma Regra menos desenhada?
Uma Igreja poliédrica, (vidro fino e transparente, limpidez), exigindo de todos responsabilidade, em obediência ao Evangelho, segundo o Papa Francisco, que quer dizer discernir, agir, decidir e avançar com conjunto, focando como exemplo o orador uma roda de bicicleta.
Que lugar, pois, para a diversidade num momento tão exigente, para uma Igreja poliédrica?
A ação não se pode esgotar em terias e códigos, mas antes deve centrar-se no ser e fazer, numa preocupação pela pluralidade humana, buscando o seu pleno desenvolvimento.
Como tal de que modo estão a agir hoje as Conferências Vicentinas? Estão atentas a essa pluralidade, buscando todo o desenvolvimento humano? Perguntou de novo o orador.
Não havendo Cristianismo sem encarnação e é desta forma que Jesus Cristo nos interpela neste momento da história. Estamos atentos a isso?
A SSVP está no terreno, conhecendo o meio e os modos e por isso tem o privilégio de poder entrar nesse mundo da pobreza e das relações humanas sem dificuldade.
Andamos a “roubar” pobres uns aos outros ou coadjuvamo-nos na organização social, enquadrando e aprofundando o papel de cada grupo social?
As Conferências vicentinas são um grupo profético, na procura do bem comum e como projeto de Deus? Pergunta de novo o orador.
Estamos a ser grito profético? perguntou o Prof Juan Ambrósio. Quem são os Pobres? São os pobres os protagonistas da ação da SSVP., ou estão a ser utilizados por esta?
O cristianismo é indispensável para o futuro da humanidade, tenha ele o sabor que tiver e a S.S.V.P., tem uma palavra a dizer, disse ao finalizar o orador deste painel.
Seguiu-se um breve debate sobre o 1º painel, foi dito pouco mais adiante que aqui merece realçar: Os pobres não são os destinatários da nossa ação, mas irmãos como nós e membros da mesma comunidade. Os cristãos e os vicentinos são enviados à sociedade e estão no coração onde se tecem as condições sociais.
Ou se vive no coração da vida, no coração da Sociedade, ou não se vive, rematou o Prof. Dr. Juan Ambrósio.
A palavra pobre tem muito peso, desinstala-nos!