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As
Cartas de Ozanam foram os primeiros textos, além da Regra Vicentina, pelos
quais tive a satisfação de conhecer o pensamento deste extraordinário e santo
homem chamado António Frederico Ozanam, modelo de jovem, adulto, pai,
profissional, marido, cidadão e fiel leigo comprometido.
Em
Cartas, Ozanam pode comunicar-se com liberdade e desenvoltura, dirigindo-se com
simplicidade a seus amigos, conhecidos, parentes, religiosos e académicos. Até
nas missivas de cunho profissional, encontramos o “tempero” das virtudes tão
caras a Ozanam, sempre com elegância nas palavras, caridade no aconselhamento e
esperança na mudança das estruturas sociais.
Suas
Cartas são estimulantes, reconfortantes, pedagógicas e, acima de tudo,
verdadeiras orações. As frases que citamos, hoje em dia, mais expressivas de
Ozanam, foram colhidas justamente das correspondências que ele escreveu. Que
riqueza, que legado, que presente divino!
Não
podemos deixar de reconhecer o grande esforço literário que a família de Ozanam
empreendeu para poder recolher os escritos dele, consolidando-se em livros. Sem
essa investigação histórica, talvez hoje não pudéssemos saborear esse lindo
conteúdo. Também não podia ser diferente: os ascendentes de Ozanam eram e
literatos, assim como seus descendentes. Considero que o Espírito Santo, soprou
forte sobre esta família, brindando-a com as características de perpetuação da
memória e da transmissão do conhecimento. A humanidade agradece!
As
Cartas que Ozanam escreveu ao longo do século XIX são pérolas para nossa
realidade. É como se ele tivesse deixado “sinais” para as gerações futuras
sobre a maneira evangélica e caritativa de superar as dificuldades e ajudar
àqueles que estão em situação de vulnerabilidade e de exclusão social. Ozanam,
visionário e vanguardista, deixa para a posteridade suas Cartas e nos recomenda
práticas adequadas para o mundo de hoje, tão maltratado pelo egoísmo, pela
ganância, pelo poder e pelos holofotes da fama passageira.
A
leitura das Cartas de Ozanam nas Conferências Vicentinas é sempre propícia,
especialmente quando celebramos a data do nascimento do principal fundador da
sociedade de São Vicente de Paulo ou da criação da entidade. São datas
memoráveis que não podemos passar em branco.
Por fim
gosto sempre de encerrar meus textos com algumas perguntas, para que nós, vicentinos
do século XXI, possamos também refletir sobre a postura que adotamos, na
condição de imitadores de Ozanam. Utilizamo-nos dos meios de comunicação,
pessoais e coletivos, analógicos ou digitais, para disseminar a cultura da
caridade? Usamos as redes sociais e a mídia para propagar a Boa Nova e libertar
os oprimidos? Limitamo-nos a criticar o sistema económico e político, e não
fazemos nada de concreto para alterá-lo o oferecer caminhos alternativos?
Se
Ozanam estivesse fisicamente entre nós, hoje, o que ele faria? Quantos e-mails
(que são as “cartas virtuais” dos tempos presentes), não teria ele enviado aos
quatro cantos do mundo para defender e proteger os mais necessitados? Somos
vicentinos e, portanto, temos que ser “espelho” de Ozanam, usando especialmente
as novas tecnologias a serviço dos Pobres.
Cronicas vicentinas de Renato Lima, Cgi
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