segunda-feira, 17 de julho de 2017

Conferência Vicentina de São Vicente de Paulo

Conferência de São Vicente de Paulo
São Cristóvão de Mafamude
111 Anos
SSVP-SOCIEDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO
Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), também conhecida por Conferências de São Vicente de Paulo ou Conferências Vicentinas, é um movimento católico de leigos que se dedica, sob o influxo da justiça e da caridade, à realização de iniciativas destinadas a aliviar o sofrimento do próximo, em particular os sociais e economicamente mais desfavorecidos, mediante o trabalho coordenado de seus membros.
História institucional.

A organização foi fundada em Paris a 23 de Abril de 1833, por um grupo de sete jovens universitários liderados por Frédéric Antoine Ozanam (1813-1853), estudante de Direito na Universidade de Sorbonne, um jovem na época com apenas 20 anos de idade. A organização adotou São Vicente de Paulo (1581-1660) como patrono, inspirando-se no pensamento e na obra daquele santo, conhecido como o Pai da Caridade pela sua dedicação ao serviço dos pobres e dos infelizes.
O lema da organização assenta na frase de São Vicente de Paulo:
A caridade é inventiva até ao infinito.
 
Os fundadores foram:
• Antônio Frederico Ozanam (1813-1853)
• Auguste Le Tailladier (1811-1886)
• François Lallier (1814-1887)
• Paul Lamache (1810-1892)
• Félix Clavé (1811-1853)
• Jules Devaux (1811-1881)
• Emmanuel Bailly (1794-1861)

A MISSÃO VICENTINA:
Desde a simples oferta de «umas achas de lenha» - oferta inicial de Ozanam às famílias que primeiro visitou em Paris - às ofertas de roupa, livros, medicamentos, ajuda na procura de empregos e internamentos, visitas a lares, hospitais, cadeias, ou à fundação das chamadas «obras especiais» (colabora com outras obras especializadas, religiosas e civis na sua área concelhia), a ação vicentina procura ser a resposta oportuna para cada situação de sofrimento ou pobreza que se deteta - resposta mais ou menos imediata, ou de simples encaminhamento das situações mais difíceis para as vias possíveis de resolução,(respeitando os princípios da Sociedade da não violação ao sigilo), inquietando consciências indiferentes, apesar de responsáveis, mas com possibilidade de resposta às situações de pobreza e sofrimento.

A ação vicentina preocupa-se com a promoção do homem na sociedade através de um sentimento de afeto e respeito pela dignidade de cada pessoa, da oferta de amor, a que todos têm direito, da compreensão e recetividade a uma confidência ou a um desabafo, um conselho com uma palavra amiga, um olhar carinhoso, motivos de fé e de esperança.

O Vicentino:
VIVE o Evangelho através de uma aspiração de vida mais evangélica.
DETECTA e serve diretamente as várias situações de pobreza, vivendo uma espiritualidade Cristã, à maneira de Vicente de Paulo e de Frederico Ozanam.
REVELA Cristo. O Cristo que serviu e amou a todos, principalmente os mais pobres.
OFERECE um testemunho de fé, mais por obras que por palavras em todo o contacto pessoal, numa mútua santificação.
COMPROMETE-SE a cumprir a Regra da S.S.V.P., que define a vocação e missão de Sociedade de São Vicente de Paulo.

A espiritualidade vicentina:
A espiritualidade cristã revelada por Cristo como evangelizador dos pobres, é a espiritualidade cristã vivida por São Vicente de Paulo que nos faz entender e conhecer o «Cristo Vicentino», aquele Cristo que «caminhou e trabalhou como nós». Aquele Cristo sem ceptro e sem coroa, que não está sentado sobre o globo, que suportou o peso da cruz de todos os que sofrem, de todos que pecam, de todos que são pobres... e ressuscitou para nos oferecer a Esperança. Espiritualidade Vicentina na: Simplicidade Humildade -Mansidão - Mortificação e Zelo Apostólico, é a espiritualidade que levou Ozanam a criar as Conferências de São Vicente de Paulo que colocam cristãos-leigos em permanente disponibilidade para aliviar o sofrimento e a pobreza, despertando a vocação e missão da Sociedade de São Vicente de Paulo.

AMAR E SERVIR A DEUS, AMANDO E SERVINDO DIRECTAMENTE OS POBRES. 


CONFERÊNCIA VICENTINA DE SÃO CRISTÓVÃO DE MAFAMUDE (V. N. GAIA)
A Conferência de S. Vicente de Paulo de São Cristóvão de (Mafamude) foi fundada no ano 1905 e em 09 de julho de 1906 conforme registo atribuída a carta de agregação.
Atualmente conta com 11 elementos no ativo e 2 vicentinos beneméritos. 

Reúne-se trimestralmente às sextas-feiras na 2ª e 3 semana de cada mês.
Fiel ao espírito dos seus fundadores, a Conferência esforça-se por se renovar sem cessar e por se adaptar às condições de mudança dos tempos. A nossa missão é estarmos sempre abertos às mutações da humanidade e às novas formas de pobreza que se possa identificar ou pressentir. Damos prioridade aos mais desfavorecidos e especialmente aos rejeitados pela sociedade. Tem sido uma missão árdua, pois infelizmente com os problemas financeiros que o país atravessa, cada vez mais surgem novos casos que necessitam de intervenção urgente. No entanto, temos conseguido chegar a todas as pessoas necessitadas e auxiliado no que mais precisam.

Atualmente este grupo de caridade vive de doações das pessoas da comunidade, de benfeitores que colaboram com dinheiro e com peditórios na paróquia, etc. A vocação dos membros da Sociedade, chamados Vicentinos é seguir Jesus Cristo servindo aqueles que precisam e, desta forma, dar testemunho do seu amor libertador, cheio de ternura e compaixão. Os confrades mostram a sua entrega mediante na visita ao domicilio no contacto pessoa-a-pessoa. O Vicentino serve com Esperança.

domingo, 2 de julho de 2017

O que sou hoje como Vicentino!

O que sou hoje como vicentino!

            No percurso do caminho como vicentino terei que recuar no tempo dos anos 60, na cidade do Porto, numa freguesia da Beira-Rio, de gentes que dedicava a sua vida a trabalhar como estivadores em carga e descargas de carvão, do bacalhau e os Barcos Rebelos que descarregavam nos Cais da Ribeira o Vinhos do Porto. Hoje os tempos são outros, outras vidas, hoje vive-se do turismo e de hotéis.
          Eu ainda jovem, recebi um convite para ir a uma reunião de vicentinos em São Nicolau, às terças-feiras. Lá fui nem sequer sabia em que me ia meter… Mas fui. Os meus primeiros passos como vicentino, aos 17 anos, foi passar a assistir a umas reuniões, depois pediram-me para fazer umas visitas a casa de pessoas “Os Pobres”.  Logo ensinaram-me que na missão de um vicentino nunca devia dizer a palavra “NÃO”, a não ser por motivos fortes pois ajudar uns pobres, os servir a Deus através deles.
          Os meus primeiros trabalhos como vicentino, passou na marginal da Foz do Douro na recolha de roupas, mobiliário entre outras, para o Farrapeiro. Depois percorri as ruas da paroquia: - Mercadores, Reboleira, o Cais da Ribeira, Av. Gustavo Eiffel e o Bairro do Barredo. Nas minhas deslocações que fazia estava longe de pensar que para “Ser Vicentino” passava pelas visitas ao domicílio, pensava eu, que era uma intromissão nas suas vidas privadas, mas na caminhada percebi que o fazer a “Visita ao domicílio estava o “chamamento de Deus” no serviço ao pobre, ir “cheirar” a pobreza, estava ali a Caridade.
          Muitas vezes a Conferência (como era pobre) o nosso pároco, graças a Deus hoje ainda vivo, (nos deixava fazer um peditório num dos ofertórios de uma das missas) e com algumas ajudas lá conseguíamos orientar as contas que, quase sempre a zero. Nesse tempo, recordo que o nosso assistente espiritual, nos dizia com esta frase: «Que não seja por falta de dinheiro que deixemos de fazer a Caridade». Às minhas visitas, algumas vezes não levava nenhuma saca com alimentos, não havia nessa altura abundância, levava a minha visita como jovem, a conversa e sei que a partir de determinada altura senti, que já não dava ir a casa de um pobre sem levar alguma coisa para eles comerem, partilhar. Pensei então; tenho que levar alguma coisita comigo. Estávamos nos anos 60 ao visitar uma família senti um vazio que pairava no ar pois no atendimento quando cheguei, reparei que um deles ao aperceber-se que era eu, encolheu os seus ombros olhou para o chão a memorar baixinho consigo: para que vem chatear-me se não me trás nada… Sem me desmanchar cumprimentei-o e o senhor com boa educação lá me atendeu: bom dia com um sorriso forçado…
          Em contrapartida um dia deram-me a tarefa de visitar o “Carlinhos da Sé”, no Barredo, uma figura típica da cidade, um senhor que tinha uma doença genética, problema que hoje seria resolvido com uma operação e mudança de sexo. Bom, o agradável dessa visita, sem levar a saca de alimentos o “Carlinhos da Sé”, ficou feliz contou-me a sua estória da sua saúde, desabafou que não tinha culpa de ser assim, chorou da sua má sorte da sua vida, mas compensou-me esta visita, este senhor, sem pedir nada recebeu-me de braços aberto para conversar comigo. Estava ali a verdade da chamada Caridade.
          Hoje como Vicentino da minha Conferência, já nos tempos de “fartura” visito um casal e a minha preocupação com eles e a promoção por uma vida melhor. Estou atento, aos movimentos de forma a que um dia possa dizer que a partir dessa altura consiga… com vontade dos próprios, devolver alguma dignidade e respeito que eles merecem e que possam não estar dependentes do pouco que lhe damos que, passem a ser homens e mulheres com direito e deveres a serem olhados como pessoas importantes e independentes. Não é fácil pois é uma família com alguma falta escolaridade, de recursos e falta de empregos; quatro adultos.

          Agora, nesta altura a minha caminhada foi mudando com mais responsabilidades pelas tarefas que exerço num conselho. Escolhi partilhar a pensar contribuir para que os meus caríssimos confrades, também, nos tempos de férias que se aproxima possam fazer uma paragem e pensar como vicentinos; «o que sou hoje como vicentino». São tarefas que estamos “Todos” comprometidos desde o nosso compromisso a Deus, à sociedade, aos pobres. O melhor e mais agradável no conselho é que eu tenho, uma equipa que trabalha comigo sempre disponível, com sentido pelos outros, pelo amor e com caridade que eu sinto a forma das suas decisões, é gratificante. “SVP é que tem a culpa disto tudo…”
          SVP não ficará certamente zangado comigo se lhe pedir um favor, mais um; que tenha paciência em me aturar e que também ajude todos os outros vicentinos.
          Hoje debate-se na sociedade o que andamos a fazer dizem; se calhar fazemos uma caridade assistencial, da saca de compras, do ir buscar às sedes. Poderemos ficar só com a distribuição das sacas, e desleixarmos com a visita ao domicilio distribuindo “Afetos”; ouvir, pensar, ajudar, sofrer com eles e dar ideias para que eles se possam libertar da sua condição dependência?... Hoje tenho insisto com escritos e com palavras para que os vicentinos façam o que S. Vicente de Paulo e Ozanam nos deixaram: A Visita Domiciliária.  
          Eu acredito que existe uma diferença como se faz e o modo como haja um vicentino na Caridade. No espirito do vicentino o serviço ao Pobre é dar-se no serviço de Deus, interagir com os pobres reconhecendo nas pessoas que tem habilidades físicas e mentais suficientes para sair das dificuldades.
          Recordo uma pequena passagem do filosofo, francês Fabrice Hadjad sobre a condição da mulher como mãe que do seu ventre tem um filho ele dizia: é preciso “Recolocar o Homem no Centro”. ele dizia uma Mãe, ama o seu filho ajudando-o, encaminha-o, tenta colocar o seu filho como homem e mulher no centro ensinando a tomar mais tarde as decisões, dando-lhes a dignidade de pessoa humana.

F.Teixeira