O que
sou hoje como vicentino!
No percurso do caminho como vicentino terei
que recuar no tempo dos anos 60, na cidade do Porto, numa freguesia da Beira-Rio,
de gentes que dedicava a sua vida a trabalhar como estivadores em carga e
descargas de carvão, do bacalhau e os Barcos Rebelos que descarregavam nos Cais
da Ribeira o Vinhos do Porto. Hoje os tempos são outros, outras vidas, hoje vive-se
do turismo e de hotéis.
Agora, nesta altura a minha caminhada foi mudando com mais responsabilidades pelas tarefas que exerço num conselho. Escolhi partilhar a pensar contribuir para que os meus caríssimos confrades, também, nos tempos de férias que se aproxima possam fazer uma paragem e pensar como vicentinos; «o que sou hoje como vicentino». São tarefas que estamos “Todos” comprometidos desde o nosso compromisso a Deus, à sociedade, aos pobres. O melhor e mais agradável no conselho é que eu tenho, uma equipa que trabalha comigo sempre disponível, com sentido pelos outros, pelo amor e com caridade que eu sinto a forma das suas decisões, é gratificante. “SVP é que tem a culpa disto tudo…”
F.Teixeira
Eu ainda jovem, recebi um convite para ir a
uma reunião de vicentinos em São Nicolau, às terças-feiras. Lá fui nem sequer
sabia em que me ia meter… Mas fui. Os meus primeiros passos como vicentino, aos
17 anos, foi passar a assistir a umas reuniões, depois pediram-me para fazer
umas visitas a casa de pessoas “Os Pobres”. Logo ensinaram-me que na missão de um
vicentino nunca devia dizer a palavra “NÃO”, a não ser por motivos fortes pois
ajudar uns pobres, os servir a Deus através deles.
Os meus primeiros trabalhos como vicentino,
passou na marginal da Foz do Douro na recolha de roupas, mobiliário entre
outras, para o Farrapeiro. Depois percorri as ruas da paroquia: - Mercadores,
Reboleira, o Cais da Ribeira, Av. Gustavo Eiffel e o Bairro do Barredo. Nas minhas deslocações que fazia estava
longe de pensar que para “Ser Vicentino” passava pelas visitas ao domicílio,
pensava eu, que era uma intromissão nas suas vidas privadas, mas na caminhada
percebi que o fazer a “Visita ao domicílio estava o “chamamento de Deus” no
serviço ao pobre, ir “cheirar” a pobreza, estava ali a Caridade.
Muitas vezes a Conferência (como era pobre)
o nosso pároco, graças a Deus hoje ainda vivo, (nos deixava fazer um peditório num
dos ofertórios de uma das missas) e com algumas ajudas lá conseguíamos orientar
as contas que, quase sempre a zero. Nesse tempo, recordo que o nosso assistente
espiritual, nos dizia com esta frase: «Que
não seja por falta de dinheiro que deixemos de fazer a Caridade». Às minhas
visitas, algumas vezes não levava nenhuma saca com alimentos, não havia nessa
altura abundância, levava a minha visita como jovem, a conversa e sei que a
partir de determinada altura senti, que já não dava ir a casa de um pobre sem
levar alguma coisa para eles comerem, partilhar. Pensei então; tenho que levar
alguma coisita comigo. Estávamos nos anos 60 ao visitar uma família senti um vazio
que pairava no ar pois no atendimento quando cheguei, reparei que um deles ao aperceber-se
que era eu, encolheu os seus ombros olhou para o chão a memorar baixinho
consigo: para que vem chatear-me se não me trás nada… Sem me desmanchar
cumprimentei-o e o senhor com boa educação lá me atendeu: bom dia com um
sorriso forçado…
Em contrapartida um dia deram-me a tarefa
de visitar o “Carlinhos da Sé”, no Barredo, uma figura típica da cidade, um
senhor que tinha uma doença genética, problema que hoje seria resolvido com uma
operação e mudança de sexo. Bom, o agradável dessa visita, sem levar a saca de
alimentos o “Carlinhos da Sé”, ficou feliz contou-me a sua estória da sua
saúde, desabafou que não tinha culpa de ser assim, chorou da sua má sorte da
sua vida, mas compensou-me esta visita, este senhor, sem pedir nada recebeu-me
de braços aberto para conversar comigo. Estava ali a verdade da chamada
Caridade.
Hoje como Vicentino da minha Conferência,
já nos tempos de “fartura” visito um casal e a minha preocupação com eles e a
promoção por uma vida melhor. Estou atento, aos movimentos de forma a que um
dia possa dizer que a partir dessa altura consiga… com vontade dos próprios, devolver
alguma dignidade e respeito que eles merecem e que possam não estar dependentes
do pouco que lhe damos que, passem a ser homens e mulheres com direito e
deveres a serem olhados como pessoas importantes e independentes. Não é fácil
pois é uma família com alguma falta escolaridade, de recursos e falta de
empregos; quatro adultos.
Agora, nesta altura a minha caminhada foi mudando com mais responsabilidades pelas tarefas que exerço num conselho. Escolhi partilhar a pensar contribuir para que os meus caríssimos confrades, também, nos tempos de férias que se aproxima possam fazer uma paragem e pensar como vicentinos; «o que sou hoje como vicentino». São tarefas que estamos “Todos” comprometidos desde o nosso compromisso a Deus, à sociedade, aos pobres. O melhor e mais agradável no conselho é que eu tenho, uma equipa que trabalha comigo sempre disponível, com sentido pelos outros, pelo amor e com caridade que eu sinto a forma das suas decisões, é gratificante. “SVP é que tem a culpa disto tudo…”
SVP não ficará certamente zangado comigo se
lhe pedir um favor, mais um; que tenha paciência em me aturar e que também
ajude todos os outros vicentinos.
Hoje debate-se na sociedade o que andamos a
fazer dizem; se calhar fazemos uma caridade assistencial, da saca de compras,
do ir buscar às sedes. Poderemos ficar só com a distribuição das sacas, e
desleixarmos com a visita ao domicilio distribuindo “Afetos”; ouvir, pensar,
ajudar, sofrer com eles e dar ideias para que eles se possam libertar da sua
condição dependência?... Hoje tenho insisto com escritos e com palavras para
que os vicentinos façam o que S. Vicente de Paulo e Ozanam nos deixaram: A Visita
Domiciliária.
Eu acredito que existe uma diferença como
se faz e o modo como haja um vicentino na Caridade. No espirito do vicentino o
serviço ao Pobre é dar-se no serviço de Deus, interagir com os pobres
reconhecendo nas pessoas que tem habilidades físicas e mentais suficientes para
sair das dificuldades.
Recordo uma pequena passagem do filosofo,
francês Fabrice Hadjad sobre a condição da mulher como mãe que do seu ventre
tem um filho ele dizia: é preciso “Recolocar o Homem no Centro”. ele dizia uma
Mãe, ama o seu filho ajudando-o, encaminha-o, tenta colocar o seu filho como homem
e mulher no centro ensinando a tomar mais tarde as decisões, dando-lhes a
dignidade de pessoa humana.
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