Simplicidade
A virtude da Simplicidade educa-nos na capacidade de desenvolver os valores da verdade, da sinceridade, da transparência. Viver plenamente a simplicidade nos ajudará a evitar ser falsos uns com os outros e muito menos com o povo; por esta virtude somos chamados a ser simples, a dizer as coisas como são, sempre com sinceridade em relação à outra pessoa.
Diante dos desafios que o pluralismo de ideias e de valores e contra-valores que a sociedade capitalista nos impõe, precisamos de estar mais atentos em relação à nossa postura junto ao povo e o cultivo de valores que não são transitórios, mas base para a vida com dignidade. O povo ao qual procuramos evangelizar se aproximará de nós mediante nossa postura diante dele. A simplicidade impregnada em nossos actos possibilitará essa pedagógica aproximação do povo mais simples a nós e vice-versa.
O próprio São Vicente definiu na sua vivência a importância desta virtude na vida de um Vicentino:"A simplicidade é a virtude que mais amo, eu a chamo de meu evangelho" (svI,284).
Humildade
São Vicente de Paulo define a Humildade como a virtude que dá a característica essencial à missão na Pequena Companhia. A humildade é a virtude que nos toma capazes de reconhecer e admitir nossas fraquezas e limitações, criando assim a possibilidade de confiar mais em Deus e menos em nós mesmos.
A humildade ajude-nos a nos livrar-nos da nossa autossuficiência, a reconhecermos nossa dependência do amor do Criador e nossa interdependência comunitária. Ao mesmo tempo, a humildade nos capacita para reconhecer nossos talentos, talentos que devem ser postos a serviço das outras pessoas.
É a virtude que permite aos pobres aproximar-se de nós. É a virtude que nos ajuda a ver que nos ajuda a ver que todos somos iguais aos olhos de Deus. A viência desta virtude educa-nos e capacita-nos, em contrapartida, para aproximar-se progressivamente dos Pobres. Esta virtude nos impulsiona a um processo contínuo de inculturação no mundo dos pobres, encorajando-nos a um esforço de identificação com os mesmos.
Mansidão
Etimologicamente, mansidão vem
de “mansuetude” e manso de “mansus”, forma do latim vulgar de “mansuetus”. Tem
um significado de comportamento aconchegante, familiar, doméstico.
Conceptualmente, a mansidão se entende como a força, a virtude, que permite a
pessoa moderar rapidamente a sua ira e indignação. A razoável indignação pode
ser com frequência sã e saudável, transposição licita da sobrecarga psicológica
a um ato de zelo pela glória de Deus, pela justiça ou pelo bem do próximo.
A mansidão não é agressiva,
raivosa, barulhenta. Certamente é uma virtude chave na comunidade. É a virtude
que ajuda a construir a confiança de uns nos outros, porque, quando somos
amáveis, os que são tímidos se abrirão em relação a nós. Por estas razões
podemos dizer que a mansidão é a virtude por demais vocacional, como constatou
o próprio São Vicente: “Se não se pode ganhar uma pessoa pela amabilidade e
pela paciência, será difícil consegui-lo de outra maneira” (SV VII,226).
A mansidão inspira um trato
suave, agradável, educado e fundamenta a tolerância, valor este muito
importante para a convivência em uma sociedade plural em que o respeito à
pessoa e à sua liberdade deve ser uma lei indiscutível.
Por esta virtude somos
interpelados a morrer para nós mesmos. É a virtude que pede que nos entreguemos
totalmente, pensemos primeiro nos outros, pensemos especialmente nos Pobres
antes de pensar em nós mesmos. Esta virtude educa-nos para o altruísmo em detrimento
do nosso egocentrismo.
Assim nos diz São Vicente: “Os
santos são santos porque seguem as pegadas de Jesus Cristo, renunciam a si
mesmos e se mortificam em todas as coisas” (SV XII,227).
Zelo Apostólico
Podemos identificar o zelo
apostólico com paixão pela humanidade. O zelo é a consequência de um coração
verdadeiramente compassivo. Trata-se da paixão por Cristo, paixão pela
humanidade e paixão especialmente pelo Pobre. O zelo é uma virtude
verdadeiramente missionária. Expressa-se em forma de disponibilidade, de
disposição para o serviço e a evangelização, mesmo quando as forças físicas já
estão decadentes.
Assim sendo relacionado com o
zelo está o entusiasmo, que leva à acção. Podemos entender o zelo como uma
expressão concreta do amor efectivo, que é motivado pela compaixão, ou amor
afectivo. O amor é inventivo ao infinito. (SVP)
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