3 – Terceiro compromisso e
maior desafio: o AMOR!
- Chamamos a S. Vicente “O pai
dos Pobres”, “O Santo da Caridade”… Nada que a própria Igreja não tenha
assumido oficialmente. Na verdade, foi o Papa Leão XIII que, em 1885, declarou
o nosso Santo como “Padroeiro de todas as obras de Caridade da igreja”.
- Recordo Raoul Fallereau – o
grande apóstolo dos leprosos e o seu testemunho sobre Ozanam: “quem é Ozanam?
Um homem de Deus ao serviço dos seus irmãos, a ilustração humilde e
perturbadora do Evangelho, um jovem de 20 anos que tem o rosto da eternidade”.
Tudo isto na melhor linha do evangelho em que jesus resume “ toda a lei e os
profetas” no mandato do Amor, como grande herança para nós, os seus discípulos.
Na peugada de S. Vicente de Paulo, também o bem-aventurado Ozanam não gastou
muito tempo a analisar quem era o homem que estava ferido à beira do caminho.
Se o fizesse demasiado cientificamente, correria o risco de ficar-se em discussão
empolgantes, muito ao jeito do tempo, em vez de tentar curar, no imediato, o
homem caído. Como o samaritano da parábola. Ozanam inclina-se simplesmente para
o pobre, trata-o não como um estrangeiro, mas como “próximo” e irmão.
Escutemo-lo: “Muitos espíritos e até cristãos cometeram o erro de levar a
paixão pela justiça até ao esquecimento da caridade e de se ocuparem mais em
negócios e perigos do que em obras e sacrifícios. A política só tem em conta a
justiça e, como a espada que a simboliza, fere, corta e divide… A caridade, ao
contrário, tem em conta as fraquezas. Cicatriza, reconcilia, une. Por certo que
a política tem o seu lugar e o seu tempo na sociedade cristã, mas a caridade é
de todos os lugares e de todos os tempos…” Como sentimos, nos tempos que
correm, esses três verbos atribuídos à política e à justiça sem amor: “fere,
corta, divide”. Por outro lado, o Amor, a Caridade ao jeito de Jesus “cicatriza,
reconcilia, une” …
- E nós,
irmãos? É evidente que facilmente vamos afirmando a centralidade do
amor, na fidelidade a Jesus que resumiu toda a Lei e Profetas na vivência do
amor em três direcções: Deus, os outros, nós próprios. No entanto e para terminar,
gostava de anotar algumas vertentes da Caridade/Amor que não poderemos olvidar:
• O sentido de organização. Na
melhor tradição vicentina, exercício da caridade requer uma orgânica. Os grupos
vicentinos devem primar pela ordem, em visita dum serviço de qualidade.
• Uma cooperação aberta. A
nível da Família Vicentina, toca-nos colocar os mais pobres como centro,
qualquer que seja a sua idade, religião, nacionalidade, cor política, etc… Por
outro lado, é urgente que os Vicentinos deste tempo saibamos colaborar e pedir
colaboração a todas as organizações que prestam verdadeiro serviço às pessoas,
especialmente aos mais necessitados.
• Finalmente, o serviço de
universalidade. Inseridos no mundo e na Igreja de hoje, é importante que
juntemos o carácter democrático (que tem a ver com a aceitação das diferenças)
a essas atitudes tão sadia e tão adulta de quem olha o outro, qualquer que seja
a sua nacionalidade ou cultura, qualquer que seja a sua raça e idade, acima de
tudo, como irmão e como irmã… Até aqui nos conduzirá o verdadeiro amor cristão.
Até aqui nos levará o carisma vicentino…
Termino com as palavras
estimulantes e desafiantes de João Paulo II aos Missionários Vicentinos, há
alguns anos atrás (Assembleia de 1998). Palavras que bem podiam ser ditas, aqui
e agora, a cada um de nós: “Queridos filhos e filhas; hoje, mais do que nunca,
procurai com audácia, humildade e competência, as causas da pobreza
competência, as causas da pobreza e procurai soluções a curto e longo prazo,
soluções efectivas, flexíveis e concretas. Ao fazê-lo, cooperais para a
credibilidade do evangelho e da Igreja.”
ß
Meditação no encerramento
do bicentenário do
nascimento
de Frederico
Ozanam