II CONGRESSO NACIONAL DA SOCIEDADE DE S. VICENTE DE PAULO
FÁTIMA, 27 E 28 DE OUTUBRO DE 2018
Aproveito para introduzir como
decorreu o congresso para informar algumas partes descrita no Boletim Português
de novembro para quem não pode estar presente em Fátima nos dias acima.
O Congresso decorreu no Consolata
Hotel tendo como tema geral: “Carisma
Vicentino – Que perspetivas e desafios para o futuro”, convocado pela Associação
S.S.V.P – Portugal (Conselho Nacional de Portugal), no sentido de encetar novos
caminhos e renovar o ânimo e o espírito das Conferências Vicentinas em
Portugal. A sessão foi presidida por sua Ex. Ver., D. Augusto César Alves
Ferreira da Silva, Bispo Emérito de Portalegre e Castelo Branco, ladeado pela
presidente Nacional, Alda Maria Couceiro e pelo Confrade Francisco Ruiz
Holegado, Presidente do Conselho de Zona de Cádiz / Espanha representante do
Presidente Geral Internacional da S.S.V.P. por seu intermédio, enviou ao
Congresso uma Mensagem. Para além destes acima estiveram presentes pela família
Vicentina; Padres da Congregação e Filhas da Caridade entre muitos vicentinos e
vicentinas, que depois da saudação e oração iniciais foi dado início o
congresso.
Os temas foram divididos em
quatro painéis e debates e, pela sua importância da exposição focarei neste
artigo só o primeiro painel, remetendo para as leituras aos 2 até ao 4 painel
em debate no B.P que é distribuído aos presidentes das conferências, esperando
que sejam facultadas para consulta…
Ao primeiro painel tivemos como moderador
o Dr. Paulo Rocha da Agencia Ecclesia e como orador o Prof. Dr. Juan Ambrósio
agradecendo o convite informando que embora não sendo um vicentino teve a sua
vantagem ao ler a Regra e os Princípios Fundamentais da SSVP, concluiu que o
seu trabalho foi facilitado pelas inúmeras pistas encontradas, importando saber
se os vicentinos estão no caminho certo e a fazer o que devem e como devem, à
luz do espirito de serviço que os anima. O orador colocou a questão acerca da
oportunidade do Carisma Vicentino no mundo atual, face às alterações
socioeconómicas verificadas. Vale a pena continuar em conformidade com Carisma
inicial? Ainda é válido ou precisa de ser reformulado? Questionou o orador.
A experiencia do encontro dos
vicentinos, através da visita domiciliária, tem que ser com Jesus Cristo porque
não há cristianismo sem encontro com Deus, Senhor e Pai, pois o encontro tem
que ter as duas vertentes: Deus e o ser humano, porque servir a Deus, nos
remete de imediato para o serviço ao Homem dos nossos dias, deixando de ser um
cristianismo burguês, fechado em si mesmo e longe da realidade do mundo atual.
O desafio que se coloca hoje à S.S.V.P. e pela razão atrás explicita, é que não
repense o seu futuro a partir de si, do seu interior, mas incumbe e que a Regra
Vicentina consagra como se Carisma: Sair de si e ir ao encontro dos homens. A
missão que incumbe a Igreja, carateriza-se com o seguinte tripé: Anúncio da palavra, celebração da fé e
vivência da caridade, funcionando as três em simultâneo, como experiência
de comunhão, fundamental na Missão da igreja.
Maia adiante o convidado afirma:
Sobre o que a Regra Vicentina diz do compromisso vicentino, o trabalho
vicentino não é somente ajudar o pobre quando ele precisa, mas antes prevenir
as situações antes delas acontecerem, questionando a Assembleia sobre esse compromisso,
respondendo com um exemplo prático, disse o Prof. Juan Ambrósio: “ Os
vicentinos não devem somente tirar a água do navio que se está a afundar, devem
antes prevenir que o navio se afunde pelas causas que originam a entrada da
água, isto é, lutando contra as causas que originam a pobreza, sendo justos e
procurando a justiça”, O orador questionou se todos não andamos a servir os
pobres somente para subirmos mais uns degraus na direção do céu …
Que traços especiais distinguem a S.S.V.P. de outros movimentos?
Sendo a S.S.V.P. uma associação
de leigos, que brota da dinâmica batismal, não tem que obedecer a ninguém. Os
vicentinos têm de ser adultos e a sua condição batismal legitima as ações e as
iniciativas e traçam caminhos, pelo que a hierarquia da Igreja não tem que se
lhes opor, sendo cristão no coração do mundo, em comunhão com toda a comunidade
e com a Igreja. O orador prolongou-se um pouco mais sendo importante a sua apresentação
do tema:
A SSVP é uma sociedade de espírito
jovem, mas aos jovens falta-lhes a sabedoria e a experiência que é necessária
para enfrentar os problemas no futuro, mas não pode deixar de ser ousada e
criativa, que são notas caraterísticas da juventude, que perscruta a traça
caminhos novos, procurando ser espaços de aprofundamento da esperança cristã e
de crescimento para os jovens. A SSVP necessita de uma estrutura de
identidade, vinda de fora. Parece que a estrutura atual é pesada. Não poderá
haver uma Regra menos desenhada?
Uma Igreja poliédrica, (vidro
fino e transparente, limpidez), exigindo de todos responsabilidade, em
obediência ao Evangelho, segundo o Papa Francisco, que quer dizer discernir, agir,
decidir e avançar com conjunto, focando como exemplo o orador uma roda de
bicicleta.
Que lugar, pois, para a
diversidade num momento tão exigente, para uma Igreja poliédrica?
A ação não se pode esgotar em terias
e códigos, mas antes deve centrar-se no ser e fazer, numa preocupação pela pluralidade
humana, buscando o seu pleno desenvolvimento.
Como tal de que modo estão a agir
hoje as Conferências Vicentinas? Estão atentas a essa pluralidade, buscando
todo o desenvolvimento humano? Perguntou de novo o orador.
Não havendo Cristianismo sem
encarnação e é desta forma que Jesus Cristo nos interpela neste momento da
história. Estamos atentos a isso?
A SSVP está no terreno,
conhecendo o meio e os modos e por isso tem o privilégio de poder entrar nesse
mundo da pobreza e das relações humanas sem dificuldade.
Andamos a “roubar” pobres uns aos
outros ou coadjuvamo-nos na organização social, enquadrando e aprofundando o papel
de cada grupo social?
As Conferências vicentinas são um
grupo profético, na procura do bem comum e como projeto de Deus? Pergunta de
novo o orador.
Estamos a ser grito profético?
perguntou o Prof Juan Ambrósio. Quem são os Pobres? São os pobres os
protagonistas da ação da SSVP., ou estão a ser utilizados por esta?
O cristianismo é indispensável para
o futuro da humanidade, tenha ele o sabor que tiver e a S.S.V.P., tem uma
palavra a dizer, disse ao finalizar o orador deste painel.
Seguiu-se um breve debate sobre o 1º painel, foi dito pouco mais
adiante que aqui merece realçar: Os pobres não são os destinatários da nossa
ação, mas irmãos como nós e membros da mesma comunidade. Os cristãos e os
vicentinos são enviados à sociedade e estão no coração onde se tecem as condições
sociais.
Ou se vive no coração da vida, no
coração da Sociedade, ou não se vive, rematou o Prof. Dr. Juan Ambrósio.
A palavra pobre tem muito peso, desinstala-nos!
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