A minha antecessora, Sr.ª D. Maria
Angélica Corte-Real, teve a feliz ideia de um dia preparar um pequeno opúsculo
que servia para todos aqueles que não conhecem a SSVP, não conhecem o trabalho
que se faz e como se faz numa Conferência (célula base da nossa Sociedade) nos
passarem a conhecer e, como tal, a amar o trabalho que fazemos a juntarem-se a
nós neste mundo, por vezes tão adverso, em que vivemos e que tanta necessidade
tem de amor.
A 2.ª edição foi melhorada e
tornada de mais fácil leitura.
Espero
que a experiência nos ajude agora a tornar esta 3.ª edição ainda mais simples e
com um incentivo que mostre bem o retrato do que estamos a fazer e como o
fazemos.
Esperamos que entendamos que, no mundo actual, já não é possível fazer o
trabalho da forma como o fazíamos, como quando nascemos há 168 anos. Algumas
das misérias d eentão repetem-se nos nossos dias, mas há muitas outras que
foram aparecendo e se generalizando. A solidão é uma das maiores e aí nós
podemos dizer presente e mitigá-la. A toxicodependência e todas as misérias que
a acompanham não nos podem ser indiferentes. A tristeza dos sem abrigo, dos
doentes sem visita nos hospitais, dos idosos isolados em lares, dos presos sem
visita e ...
Em todos
os lugares onde houver um carenciado aí deve estar presente um vicentino. Que
Deus nos ajude a sermos capazes de deixar os nossos egoísmos e preconceitos e
darmo-nos com amor ao próximo.
Manuel Torres da Silva
Presidente do Conselho Nacional.
SOCIEDADE
DE SÃO VICENTE DE PAULO
EVOLUÇÃO
NO MUNDO
1834 – Elaboração da 1.ª Regra
1841 – Fundam-se 25 Conferências em Paris e 30 no resto de França
1842 – A S.S.V.P. entra em Itália
1843 – A S.S.V.P. entra na Bélgica, Escócia e Irlanda
1844 – A
S.S.V.P. entra em Inglaterra
1845 – A
S.S.V.P. chega aos E.U.A. e México
1846 – A
S.S.V.P. chega à Alemanha, Países Baixos, Suécia e Turquia
1847 – A
S.S.V.P. entra na Suíça e Canadá
1850 – A
S.S.V.P. entra na Áustria e Espanha
1856 –
Surge a 1.ª Conferência Feminina em Bolonha, fundada por Celestina Scarabelli
SOCIEDADE
DE SÃO VICENTE DE PAULO
EVOLUÇÃO
EM PORTUGAL
1875 – É fundada a 2.ª Conferência, no Funchal
1877 – É fundada a 3.ª Conferência, em Braga
1879 – É fundada a 4.ª Conferência, no Porto
1887 – É fundada a 1.ª Conferência Feminina, no Porto
1908 – É fundada o Conselho Superior Masculino Português e, posteriormente, funda-se o Conselho Superior Feminino Português.
1976 – É fundada o Conselho Nacional de Portugal, que resultou da fusão dos Conselhos Superiores Masculino e Feminino Portugueses.
A
ESPIRITUALIDADE VICENTINA É:
A espiritualidade cristã revelada por Cristo como evangelizador dos pobres. É a espiritualidade cristã vivida por São Vicente de Paulo que nos faz entender e conhecer o «Cristo Vicentino», aquele Cristo que «caminhou e trabalhou como nós», Aquele Cristo sem ceptro e sem coroa, que não está sentado sobre o globo, que suportou o peso da cruz de todos os que sofrem, de todos que pecam, de todos que são pobres… e ressuscitou para nos oferecer a Esperança.
Espiritualidade vicentina é a espiritualidade que levou
Ozanam a criar as Conferências de São Vicente de Paulo que colocam
cristão-leigos em permanente disponibilidade para aliviar o sofrimento e a
pobreza, despertando a vocação e missão da Sociedade de São Vicente de Paulo.
AMAR E SERVIR A DEUS,
AMANDO E SERVINDO DIRECTAMENTE OS POBRES.
ERA UMA VEZ …
O jovem António Frederico Ozanam, aos 18 anos (1831),
deixou Lyon para frequentar em Paris a Universidade (primeiro Direito e depois
Letras, cursos em que, após as licenciaturas, veio a doutorar-se). Ficou
dolorosa e profundamente impressionado pelo clima anticristão, anticlerical e
anti Igreja que encontrou, especialmente no meio académico da Sorbonne, quer
entre os alunos, quer entre os professores.
Reagiu e protestou sempre aos ataques à Igreja o jovem Ozanam,
tendo marcado a sua posição de católico firme, de visão verdadeiramente
profética, tendo escrito, aos 18 anos, um artigo notável sobre a doutrina de
Saint-Simon (filósofo francês).
Desde então, como escritor, historiador, jurista,
político, jornalista e professos de Direito ou de Letras, centrou as suas
atividades e estudos em temas religiosos, sempre no propósito de demonstrar o
papel relevante, único mesmo, da Igreja de Cristo na civilização humana.
Várias foram, aliás, as experiências tentadas por
Ozanam com esse propósito, nomeadamente nas «Conferências de História»,
concluindo que todas estas se reduzem sempre a teóricas e estéreis polémicas.
A publicação do artigo «Palavras de um crente», da
autoria de Lamennais, provocou acesas polémica nas «Conferências de História»,
originando a conhecida pergunta – desafio então lançado aos seus componentes: «Sem
dúvida que a Igreja Católica tem tido uma acção relevante ao longo da história
dos homens, mas hoje ONDE ESTÃO AS
PROVAS DA VOSSA FÉ? …», AO QUE Ozanam respondeu, por sugestão de alguns dos
seus amigos e companheiros: «Pois vamos
aos pobres, como Nosso Senhor Jesus Cristo, pregar junto deles o Evangelho».
Ozanam concluía que era necessário agir, como o próprio Cristo que Se tornou
homem, aceitou ser ofendido, humilhado e torturado até à cruz, para que
entendêssemos que é preciso amar e servir todo o Próximo como Ele serviu e amou.
Apenas se poderá testemunhar o nosso AMOR A DEUS E
PROVAR A NOSSA FÉ, de forma expressiva e conveniente e, através da oração, da
transformação em atos dos princípios de justiça e caridade, de igualdade e fraternidade.
Humildes como os doze Apóstolos, longe estavam Bailly,
Letaillandier, Lallier, Clávé, Devaux, Lamache e Ozanam de aperceber-se da
universalidade da mensagem que em suas almas fora gerada. E assim se funda, em abril
de 1833, a primeira «Conferência».
Desde o início e por iniciativa de Ozanam, a nova
Sociedade foi colocada sob a dupla proteção de San Vicente de Paulo (de quem
tomou o nome) e da Virgem Maria.
COM HUMILDADE E ESPÍRITO DE POBREZA, JUVENTUDE E
ALEGRIA;
CRIATIVIDADE, DINAMISMO E OUSADIA CENTRANDO A SUA AÇÃO
NA TRADICIONAL VISITA DOMICILIÁRIA;
NUNCA ESQUECENDO QUE A SEU LADO PODE ESTAR O «SEU
PRÓXIMO» (AQUELE QUE MAIS PRECISA DE NÓS).
ORGANIGRAMA
DA SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO
A AÇÃO DA SOCIEDADE
DE SÃO VICENTE DE PAULO (S.S.V.P.)
Desde a simples oferta
de «umas achas de lenha» - oferta inicial de Ozanam às famílias que primeiro
visitou em Paris – às ofertas de roupa, livros, medicamentos, ajuda na procura
de empregos e internamentos, visitas a lares, hospitais, cadeias, ou à fundação
das chamadas «obras especiais» (obras de ação especializada e individualizada:
lares de 3.ª idade; centros de dia; slas de estudo; cantinas; lares para
jovens; creches; infantários; jardins de infância; colónias de férias; etc), a
ação vicentina procura ser a resposta oportuna para cada situação de sofrimento
ou pobreza que a detecta – resposta mais ou menos imediata, ou de simples
encaminhamento das situações mais difíceis para as vias possíveis de resolução,
inquietando consciências indiferentes, apesar de responsáveis, mas com possibilidade
de resposta à situações de pobreza e sofrimento.
A ação vicentina preocupa-se com a promoção do homem na sociedade através de um sentimento de afeto e respeito pela dignidade de cada pessoa, da oferta de amor, a que todos têm direito, da compreensão e recetividade a uma confidência ou a um desabafo, um conselho com uma palavra amiga, um olhar carinhoso, motivos de fé e de esperança.
A S.S.V.P. CARACTERIZA-SE PELA SUA ESTRUTURA PRÓPRIA *
«CONFERÊNCIA»
Célula-base de toda a vida da S.S.V.P.
CONFERÊNCIAS – Unidade de base da sua ação direta, como escola, formação, santificação e centro programador da ação perante os casos de pobreza detetados e analisados.
- Grupos de pessoas animadas por um espirito de fraternidade e simplicidade cristã que, fazendo parte de um movimento católico internacional, terão sempre presente a Regra da S.S.V.P.
- O objetivo das suas reuniões sará a santificação dos seus membros, sendo a assistência material o seu fim secundário, tendo sempre presente o espírito de justiça e caridade cristãs.
Como funcionam?
Num espírito de verdade fraternidade, tendo como finalidade o aprofundamento do amor ao próximo, seguindo em tudo a Regra da S.S.V.P., para que haja uma verdadeira unidade entre todas as Conferências, em qualquer lugar do mundo em que se encontrem.
Ordem das Reuniões
- Oração da Regra
- Leitura Espiritual;
comentário
- Leitura da ata da
reunião anterior e feitura da ata do dia
- Partilha das
experiências semanais das visitas domiciliárias, da ação evangelizadora, junto
das famílias visitadas.
- Coleta (secreta)
- Oração final.
DEVERES
VISITA DOMICILIÁRIA – É o serviço especial e direto, por ser a mais rica e mais completa forma de relação pessoal e é considerado o processo tradiocional da atuação Vicentina. Permite acompanhar junto dos assistidos a evolução da pobreza na humanidade.
- Devem os Vicentinos (membros da Conferência) em tudo estar ligados aos seus Conselho Particulares e centrais, para que a S.S.V.P., seja una, só assim se compreende a inter-ajuda e a inter-partilha de experiências;
- Deve existir um verdadeiro espírito de amor, tendo sempre presente que a caridade começa para com aquele que estrá ao nosso lado;
- Devem relatar (através de relatórios, quadros estatísticos, etc) para os seus Conselhos Particulares (hoje Zona) e Conselhos Centrais todas as experiências relevantes;
- Devem participar em todas as reuniões e assembleias propostas pelos Conselho de que dependem.
- Coordenam, orientam,
dinamizam, estruturam, informam e formam a S.S.V.P., a cada nível.
OBRAS ESPECIAIS
- Fundadas, Geridas e
mantidas pela S.S.V.P., que têm vida própria, tal como infantários, creches,
lares e centros de dia, roupeiros, cantinas, casas de trabalho, etc., etc.
*- O suporte jurídico da S.S.V.P. em Portugal é assegurado pelas Associações das Obras Assistenciais e das Obras Sociais.
ANTÓNIO FREDERICO OZANAM – FUNDADOR
1813 – 23 de Abril, em Milão, então sob domínio francês, nascia António Frederico Ozanam, filho do médico João António Ozanam e de Maria Dantas;
1816 – A família transferiu-se para Lyon, onde Frederico
Ozanam fez os seus estudos no Colégio Real;
1831 – Foi para Paris por desejo de seu pai, estudou
direito;
1833 – Fundou a S.S.V.P., formando a 1.ª Conferência da
Caridade;
1836 – Doutorou-se em direito;
1839 – Doutorou-se em Letras (além do Francês dominou
Inglês, Alemão, Italiano e Espanhol. Quis também estudar hebraico e sânscrito);
1840 – Nomeado professor na Sorbonne (Paris);
1841 – Casou com Amélia Soulacroix (do casamento nasceu
uma filha: Maria);
1853 – Faleceu a 8 de Setembro, em Marselha;
1925 – Em 25 de Março foi iniciado o processo da sua
Beatificação;
1993 – Em 6 de Julho é proclamado «Venerável»;
1996 – Em 25 de Junho o Papa João Paulo II assina o
Decreto de Beatificação;
1997 – Em 22 de Agosto beatificação, em Paris, por sua
Santidade.
Para que todo o apostolado seja abençoado pelo Senhor uma coisa é necessária: as obras de beneficência. A bênção do pobre é a bênção de Deus.
Aprendamos, na nossa visita ao pobre, que ganhamos mais com esta do que com ele, porque a presença da sua miséria servirá para nos tornarmos melhores.
A filantropia é uma mulher vaidosa que considera as boas ações como uma espécie de adorno e que gosta de rever-se ao espelho.
A caridade é uma mãe carinhosa que tem os olhos cravados no filho que leva ao seio, que não pensa em si e esquece a sua beleza pelo seu amor.
Não é uma frágil o que necessitamos para nos servir de apoio na nossa jornada terrena. Serão antes duas asas, dessas que os anjos têm: A Fé e a Caridade.
Não vejamos nos nossos triunfos um fim, aceitemo-los apenas como um motivo de estímulo.
A 24 de Abril de 1581, em Pony, hoje (Saint-Vicent-de-Paul) na França, nascia
Vicente de Paulo, filho de modestos lavradores;
Estudou Teologia em Toulouse e foi ordenado padre em
1600 a 23 Setembro com 19 anos;
Viveu em Paris, foi preso e levado por piratas para
África, onde foi vendido como escravo, acabando o seu cativeiro com a conversão
do seu senhor, calvinista convertido;
Em 1612 é nomeado pároco de Clichy em París.
Nomeado Capelão Geral dos condenados às galés;
Foi Capelão da Corte, assistindo a Luís XIII no seu
leito de morte, tendo sido preceptor da família dos Gondi;
Em 1643, fez parte do Conselho de Consciências;
Fundou em:
1617 a 25 Janeiro Congregação da Missão ou "Lazaristas;
1617 a 23 Agosto a Congregação da Caridade, cujo as associadas tomaram nome de "Servas dos Pobres" de certo modo gérmen das Conferências Vicentinas e reconhecidas em novembro pelo bispo de Lião,
1617 a 23 Agosto a Congregação da Caridade, cujo as associadas tomaram nome de "Servas dos Pobres" de certo modo gérmen das Conferências Vicentinas e reconhecidas em novembro pelo bispo de Lião,
As Senhoras da Caridade hoje conhecidas como AIC-Associação Internacional da Caridade;
1625 a 17 Abril tem aprovação oficial a Congregação da Missão;
1633 a Congregação das Filhas da Caridade cujas raparigas recebem formação confiadas a Santa Luisa de Marillac (1591-1660);
1638 a Obra das crianças abandonadas (por isso o
representam com uma criança);
1646 a Congregação Filhas da Caridade torna-se oficial pelo arcebisbo de París;
1646 a Congregação Filhas da Caridade torna-se oficial pelo arcebisbo de París;
1654 o Hospital do Santo Nome de Jesus em Paris;
1660 morre no dia 27 de Setembro;
1737 em Roma é reconhecida a sua Santidade;
1855 o Papa Leão XIII declara São Vicente de Paulo Patrono
de todas as Obras de Caridade.
PENSAMENTOS DE SÃO VICENTE DE PAULO
Vendo um dia a qualidade de víveres levados a uma
família necessitada, São Vicente de Paulo disse: eis uma grande caridade, porém
mal regrada. Estes pobres doentes, tendo tantas provisões ao mesmo tempo, deixarão
muita coisa perde-se e depois disto cairão na mesma necessidade.
A caridade não pode ficar ociosa, impele-nos a
procurar a salvação e o bem-estar dos outros.
Vou tratar destes pobres, para honrar neles a
sabedoria incriada de um Deus que quis passar por um louco.
Será permitido deixar de fome um pobre homem porque é
de outra religião? Sará precioso abjurar (renunciar uma religião), para comer.
O cristianismo não consiste em palavras e em
exterioridades, mas nos factos e nos corações.
A simplicidade não nos obriga a descobrir todos os
nossos pensamentos; porque esta virtude nunca foi contrária à prudência. Nunca
se devem dizer aos coisas que se sabem, quando são contra Deus ou contra o
próximo.
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ResponderEliminarPax It Benum.