Jean - Léon Le Prévost
(1803
- 1874)
UM
HOMEM TODO CARIDADE
Le Prévost foi
vicentino muito actuante em sua época. Foi por sua sugestão que as Conferências
de Caridade passaram a chamar-se Sociedade de São Vicente de Paulo. Anos
depois, ele funda uma congregação de padres e irmãos intitulada Religiosos de
São Vicente de Paulo. Nos tópicos abaixo temos um resumo da sua vida.
Infância e juventude
Os Le
Prévost constituíam uma das mais antigas famílias da cidadezinha de Caudebac -
en - Cax., na Normandia (França), situada nas margens do rio Sena. Seu pai,
Jean Louis Claude Le Prévost, exercia a profissão de tintureiro e branqueador de
algodão. Casou-se no dia 9 de Maio de 1802 com Françoise Pitel. Deste casamento
nasceram dois filhos. Um ano depois do nascimento de Maria, a irmã mais velha,
nascia Jean-Léon, em 10 de Agosto de 1803.
Jean-Léon não tinha ainda um ano no
momento da morte de sua mãe. Em 1805, seu pai casa-se, em segundas núpcias, com
Marie Françoise Rosalie Duchatard. Esta mulher ocupa um lugar importante na
vida e na educação de Le Prévost. Ela foi uma «verdadeira mãe» para ele. É o
testemunho que Prévost dará desta mulher que ele cercará com o seu afecto até à
sua morte, ocorrida em 1845. Ela estava com 42 anos à época do casamento. O
casal não teve filhos. Na idade dos três anos, Le Prévost sofreu uma queda que lhe
causou uma enfermidade na perna direita. O mal exteriormente é pouco sensível,
mas a extrema fraqueza da perna obriga-o a parar frequentemente. Ele recorrerá
ao uso da bengala para fazer as suas «corridas de caridade» nas ruas de paris
ou na periferia. Sua mãe, muito piedosa, lava-o aos santuários da região, na
esperança de obter da Virgem uma possivel cura. Retirado em Chavile, Le
Prévost, nos seus últimos anos, lembrava com emoção as longas caminhadas de
oração e fé de sua infância: «permaneci coxo, mas, sem duvida, é a todas as
preces de minha mãe que devo o pouco amor a Deus que está no meu coração».
A infância de Le Prévost passa-se
sob o Império de Napoleão I. Na época, o ensino deixava muito a desejar. Le
Prévost recebe as primeiras lições junto de um padre laicizado e algumas
senhoras, primas de sua mãe. Le Prévost deixa, aos 16 anos, os seus estudos,
pois precisava de trabalhar. Encontra um emprego de copista. Um gesto dá
testemunho de seu amadurecimento - renuncia à sua parte de herança em favor da
sua irmã: «Que a minha parte seja junta à de minha irmã, para lhe constituir um
dote; para mim a minha educação me basta». O sofrimento de seu pai não terá
sido inútil pois te-lhe-á possibilitado o saber colocar-se no lugar do pobre,
do humilde, do rejeitado.
Le Prévost e a SSVP
Em 1831 desembarca em Paris o jovem
António Frederico Ozanam, filho de um médico de Lyon. Este brilhante aluno
deseja preparar o seu mestrado em Direito. As suas convicções religiosas, e a
sua grande inteligência e a sua autoridade pessoal fazem dele o lider dos
jovens estudantes católicos. Ele faz amizade com Lacordaire e escreve no
jornal de Bailly, como Jean-Léon Le Prévost. os dois homens encontram-se no
jornal «La Tribune Catholique» na casa de Emmanue Bailly seu proprietário e
redactor-chefe.
Ao completar 20 anos, em 23 de
abril de 1833, Ozanam reúne, com Bailly, muitos outros companheiros: Lamanche,
Le Taillandier, Devaux e Lallier. Encorajados pela Irmã Rosalie, estes jovens
estudantes desejam manifestar a sua fé através de uma reunião literária,
dirigida por Bailly, numa associação devotadamente aos pobres. Ela destinava-se
a «demonstrar aos deístas, aos cépticos e aos filósofos a vitalidade da fé».
Le Prévost encontra Ozanam e os
seus companheiros, não somente no escritório de Bailly, mas também num pequeno
restaurante: «Eles comiam comigo. eles eram animados e um pouco barulhentos.
Amante do silêncio eu temia-os um pouco». Um dia um deles dirige-se a Jean-Léon
e, após um maior conhecimento mútuo, é-lhe proposto juntar-se ao pequeno grupo
recém-constituído sob o nome de «Conferências da Caridade».
Estamos mo mês de Agosto no momento
de separação para férias. Em outubro seguinte, Le Prévost é atingido pela
cólera e a sua convalescença prolonga-se por todo o mês de Novembro. Só estaria
presente na Conferência da Caridade no dia 17 de Dezembro de 1833, como
testemunharam as actas do Secretário-Geral Chaurand. Naquela época os
vicentinos já eram 15. Dois meses mais tarde, em 4 de Fevereiro de 1834, Le
Prévost pede «que a Sociedade se coloque sob a protecção de São Vicente de
Paulo e celebre a sua festa, além de uma oração feita no início e no fim de
cada reunião».Esta proposta correspondia aos desejos do conjunto dos vicentinos
e, em particular, de Bailly, cuja família venerava «Monsieur Vicent» É na
assembleia de 8 de Dezembro de 1834 que o nome «Sociedade São Vicente de Paulo»
é escrito pela primeira vez.
A visita aos pobres, aos jovens
presos, a responsabilidade assumida para com um grupo de órfãos, são outras
tantas actividades em que encontramos o vicentino Le Prévost, que não esconde o
seu entusiasmo, que se reflecte nas cartas da época «Não saber a quem recorrer,
com quem se entender, a fadiga, a vertigem e, depois, quando se deixa tudo, por
esgotamento, ver tudo, à mercê do bom Deus, correr melhor e, chegar sem a
gente, ao objectivo...».
Vivendo geralmente longe de Paris,
António Frederico Ozanam recusou o cargo de Vice-Presidente em 1835 - também em
1840 - e é Le Prévost que ocupa este a partir de 8 de Dezembro de 1835 até
1839. No ano de 1835, o conselho Directivo desdobra-se em dois : Conselho geral
e Conselho de Paris.
Le Prévost, membro do Conselho
Geral, dele participará até Outubro de 1835. Como Presidente da Conferência
Sant-Suplice, é membro de direito de conselho de Paris. Durante mais de uma
dezena de anos, nele desenvolverá todos os seus talentos de animador e
organizador.
Leigos trabalhando
Nascido desta «querida Sociedade de
São Vicente de Paulo», o Instituto de Jean-Léon Le Prévost tinha aprendido o
que era apostolado leigo. Os primeiros membros desta família religiosa tinham
iniciado a caridade nas obras da Sociedade de São Vicente de Paulo. Esta
experiência tornava-se o ponto de partida de uma acção missionária
rejuvenescedora e o início de uma tomada de consciência dos problemas socais da
época.
Em 1874, o Instituto contava com 64
religiosos empenhados no trabalho apostólico em 11 comunidades. Eis o segredo
deste sucesso: «Os esforços deste pequeno número de homens são multiplicados na
prática das obras por um processo que caracteriza o espírito do Instituto e,
que consiste em fazer agir em toda a parte, ao redor de nós, um certo número de
homens de classe dirigentes que se instruem e se santificam, colaborando com os
religiosos. Pode avaliar-se em 300, mais ou menos, o número destes auxiliares».
Ozanam tinha razão de querer
preservar as Conferências do controlo clerical e conservar-lhe o seu carácter
leigo. O vicentino Le Prévost e o seu Instituto reconheciam a autonomia das associações
leigas, colocando-as no conjunto da vida eclesial.
Le Prévost descobriu muito cedo e
em grande parte graças à Sociedade São Vicente de Paulo, que os leigos são
membros por inteiro desta grande família eclesial, que são uma vanguarda
missionária e chamados à perfeição evangélica.
Caridade é doação, entrega,
despojamento. Para atingirmos a santificação devemos vivê-la. Assim Le Prévost
definiu caridade:«Caridade: que palavra e que coisa sublime!... Como o bom
Mestre fez um lindo presente ao mundo quando veio trazer este fogo divino!
Possamos, segundo seus desígnios, acendê-lo em seu nome ao redor de nós».
Resumo da vida de Le Prévost
1803 - Nascimento (10 de Agosto -
Normandia).
1803 - Baptismo (7 de setembro).
1825 - Conhece Victor Hugo, Lacordaire e
Montalembert.
1833 - Ingressa na SSVP.
1836 - Primeiro presidente da Conferência
de Sant-Sulpice.
1840 - Membro do Conselho Geral da SSVP.
1844 - Fundador da «Obra da Sagrada
Família».
1845 - Fundador dos «Religiosos de São
Vicente de Paulo».
1860 - É ordenado sacerdote (22 de
Dezembro).
1874 - Falecimento (30 de Outubro em
Chavile).
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