Com a publicação de alguns modelos de
vicentinos de mulheres e homens que se destingiram ao longo das suas vidas,
dá-se inicio mais um meio de conhecimentos biográficos de pessoas que se
destingiram na prática das obras da caridade. As publicações biográficas, tem
como objectivo informar os mais novos principalmente seguindo as pisadas de
muitos vicentinos, uns conhecidos outros são totalmente desconhecidos.
"... Temos Conferências em Quebec e
no México. Temo-las em Jerusalém. Há com certeza uma Conferência no paraíso,
pois há mais de mil dos nossos, desde há vinte anos que existimos que tomaram o
caminho duma vida melhor."
(última carta de Ozanam escrita ao R. Po
Pendola, em 19 de Julho de 1853, sete semanas antes da sua morte).
S. Vicente de Paulo
(1581 - 1660)
Ozanam quis colocar as Conferências sob o
patrocínio de São Vicente de Paulo. «modelo na terra, protector no Céu».
Foi em Landes, em Pouy, nos arredores de
Dax, ali nasceu em 1581 o jovem Vicente de Paulo terceiros dos seis filhos de
modestos lavradores. Dos longos dias passados no meio da natureza, na guarda de
rebanhos, lhe veio o gosto da solidão e do recolhimento.
Seu pai impressionado com a inteligência
de Vicente, mandou-o para o colégio em Dax, onde fez rápidos os estudos e se
definiu a sua vocação.
Ordenado no ano 1600 com vinte anos
incompletos, torna-se sucessivamente capelão de Margarida de Valois. Pároco de
Clichy, que transforma em paróquia modelo e preceptor na família de Filipe
Manuel Gondi, general das galés, ao qual acompanha nas suas deslocações:
verifica então o que é a miséria dos lavradores e a insuficiência do clero
rival e daí lhe nasce o sentimento da necessidade de evangelizar os meios
rurais.
É nomeado párico de Chatillon-les-Dombes,
em pouco tempo tudo está transformado, moral e primeira «Confraria de Caridade»
destinada a «ajudar o corpo e a alma a bem morrer ou a bem viver»
Volta a casa dos Gondi, que o tinha
reclamado, põe em pé a congregação a Missão, destinada a evangelizar aldeias, a
qual em pouco anos cobre grande parte do solo da França. A completar a acção
das Missões, desenvolve as Confrarias de Caridade, para o que pede a
colaboração de Luísa de Marillac, que com ele colaborará até à morte e recruta
as Damas da Caridade.
Entretanto torna-se capelão das Galés.
Vicente de Paulo toma contacto com as prisões, verdadeira imagem do inferno e
consegue melhorar a sorte dos desgraçados presos.
Para assegurar permanência nos socorros
aos deserdados, institui as «filhas da Caridade», origem das «Irmãs de São
Vicente de Paulo»
Dedica os seus esforços à espiritualidade
do clero: daí nascem em diversos seminários, os «exercícios dos ordinandos», e
também as «Conferências das Terças-Feiras» destinadas aos futuros Bispos,
frequentadas, entre outros, por Bassuet, que a Vicente de Paulo aplicava o dito
do Apóstolo: «Se alguém fala, que as suas palavras sejam as palavras de Deus»
Junto de Luís III, de Ana de Áustria, de
Richelieu e de Mazarino, desenvolve notável acção na escolha de superiores
eclesiásticos e a sua actividade torna-se prodigiosa para acudir a todos os
males: Cria o orfanato, instrução, aprendizagem e colocação de crianças
expostas; organiza em vasto socorro às províncias devastadas pela guerra,
vencendo a fome, as epidemias e levantando ruínas.
Inteligência fulgurante, que lhe apresenta
a raiz do mal a combater, vontade firme e privilegiado espírito de organização;
tudo isto ao serviço dum coração a transbordar de amor fraterno, constitui o
mais admirável exemplo terreno da «Caridade nas Obras».
Falecido em 1660, foi canonizado em 16 de
Junho de 1737, vindo a ser proclamado por Leão XIII patrono das obras de
caridade.
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